Wednesday, August 27, 2008

Neurociência E Meditação


A Neurociência tem estudado as reações do cérebro em estado de relaxamento e descobriu que e possível, sim, melhorar sintomas de doenças ligadas a atividade cerebral por meio da prática meditativa. O psicólogo e mestre em Neurociências pela Universidade de Sao Paulo (USP), Leonardo Mascaro, partiu da teoria sobre frequências das ondas cerebrais e desenvolveu uma série de exercícios para fazer com que as pessoas consigam entrar em estado de meditação.


Os resultados desta prática, segundo Mascaro, são fisiologicamente explicados e capazes de melhorar sintomas de estresse, síndrome do pânico, dificuldade de concentração e diversos outros problemas neurológicos e psicológicos.

As descobertas científicas mais recentes da Neurociência, de acordo com ele, vem demonstrando que o cérebro e extremamente plástico e que treinamentos – mentais e neurológicos – podem produzir modificações tanto na estrutura quanto no funcionamento desse órgão vital. Mascaro assina o livro A Arquitetura do Eu – Psicoterapia, Meditação e Exercícios para o Cérebro, no qual explica como a meditação pode facilitar a experiência de expansão da percepção e consciência, trazendo bem-estar, equilibrio e paz interior.


O relaxamento produz benefícios variados, tanto físicos quanto mentais, mas sua principal função é fornecer a base para que a meditação possa acontecer. O relaxamento ativa um ramo do sistema nervoso chamado parassimpático, que reorganiza o arranjo das frequências cerebrais, principalmente no que diz respeito as ondas beta que, para que a meditação possa ocorrer, devem ter sua amplitude reduzida – o que ocorre com o relaxamento.


O que estas pessoas estão fazendo, na verdade, e alimentar uma auto imagem que funciona como um programa “rodando” no hardware de seus cérebros, cobrando sistematicamente de seus sistemas nervosos a manutenção de um estado de alerta e prontidão constantes. Isso leva a um estado de estresse orgânico, que faz com que as glândulas supra-renais sejam constantemente estimuladas, liberando corticóides na corrente sanguínea, que vão abrindo grandes janelas para a atuação dos radicais livres em áreas bem demarcadas do cérebro, causando destruição e perda de neurônios. Assim, ocorre um agravamento do quadro de estresse, que estimula mais e mais estes eventos fisiológicos, levando a perdas funcionais efetivas, de memória, da capacidade de aprendizagem e, não menos importante, do equilíbrio emocional.

Isso pode ou não produzir diferença. Mas esta estratégia, em si, é limitada e não produz o conjunto de mudanças que podem em última instância levar a resultados permanentes e significativos em sua vida.

Você cita no livro que há pessoas que passam anos dizendo que fazem meditação. quando realmente não conseguem. Quais são os sinais que o corpo dá de que realmente alguem entra em estado de meditação?
Além do relaxamento muscular, há outros indicativos fisiológicos, também objetivamente mensuráveis, que demonstram que uma pessoa esta no estado de meditação. O primeiro deles e a mudança na atividade do sistema nervoso autõnomo – o que e médido pela resistência elétrica da pele. Finalmente, as frequências cerebrais se reagrupam de modo a produzir um padrão elétrico característico, em que há maior produção de ondas alfa e theta, com a correspondente redução de beta. Do ponto de vista da experiência subjetiva, há, além do relaxamento, um desligamento do diálogo interno e diminuição significativa do raciocínio. Ao invés de pensarmos ou, como se diz, meditarmos a respeito de, por exemplo, compaixão, entramos no estado subjetivo da compaixão dentro de nós, experimentando-a diretamente.

Você diz que o estado comumente chamado de alfa não é o de verdadeiro relaxamento. Então qual a diferença entre o estado alfa e a verdadeira frequência cerebral de relaxamento ?
O estado de relaxamento é, sim, caracterizado no cérebro por uma intensa produção de ondas alfa. No entanto, é importante não confundir relaxamento com meditação. As pessoas tendem a acreditar que meditar é entrar em alfa. Alfa é apenas uma das frequências cerebrais componentes da configuração de ondas elétricas que definem o estado de consciência do verdadeiro meditar. Alfa, nesta configuração, tem o papel de fazer a ponte entre beta (nosso consciente racional) e theta (nosso subconsciente, no qual vamos ter acesso a nossa criatividade, nossos conteudos emocionais, nossas memórias, bem como a tudo aquilo que nós constrói em nossa personalidade). A presença de alfa, portanto, é essencial para acessarmos as profundezas de nossa mente, mas, sozinha, isto é, sem o correspondente aumento de ondas theta, esta frequência produz apenas relaxamento e uma profusão de imagens mentais sem significado ou sentido.

Quanto tempo diário a pessoa deveria dedicar para conseguir atingir o verdadeiro estado de relaxamento?
O verdadeiro estado de meditação (e não de relaxamento), para a maioria das pessoas, e alcançado somente a partir de treinamento sistemático, o que pode produzir resultados já nas primeiras sessões de meditação ou, dependendo da pessoa, demorar algumas semanas de prática constante. O tempo de treino, desde que adequadamente orientado, e definido pela própria pessoa. O importante é não permitir que a prática se torne cansativa ou extenuante. Ter prazer e fundamental.

Basicamente, o que se consegue controlar com os exercícios na nossa fisiologia?
Vários são os estudos que demonstram maior controle de uma série de funções fisiológicas, como a temperatura corporal ou a frequência cardíaca. No entanto, o objetivo deve ser aprender a exercer o domínio das funções psicológicas, já que, enquanto no controle a um gasto de energia considerável para manter uma certa ordem, no domínio, tudo o que é necessário é uma decisão: eu quero, eu faço e assim permanece. O auto domínio, juntamente com a mudança no estado de consciência, é a verdadeira meta da meditação, levando a mudanças profundas da consciência, produzindo benefícios tanto para a pessoa quanto para aqueles que com ela convivem.

1 comment:

Unknown said...

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