Monday, September 29, 2008

Pessoas Isoladas Socialmente Sentem Mais Frio

Um estudo realizado por pesquisadores canadenses sugere que pessoas que se sentem isoladas socialmente tambem sentem mais frio.


A equipe, da Universidade de Toronto, realizou dois estudos que mostraram que a sensação de solidão também está ligada a preferência por bebidas quentes, como chá ou sopa ao invés de frutas e refrigerantes.


Na primeira experiência, os especialistas dividiram 65 estudantes em dois grupos e recolheram experiências pessoais de situações em que haviam se sentidos excluidos e em que haviam sido aceitos.


Em seguida, pediram que os voluntários estimassem a temperatura da sala.


Os palpites variaram de 12º C a 40º C, sendo que os que haviam comentado sobre seu isolamento ou solidao deram estimativas mais baixas em relação a temperatura.


No segundo experimento, os pesquisadores pediram a 52 estudantes que jogassem uma simulação de computador com uma bola.


A experiência teve o objetivo de avaliar reações de ganhadores e perdedores.


Ao final dos testes, os especialistas pediram aos estudantes que expressassem suas preferências entre bebidas e comidas quentes ou frias.


Eles perceberam que os voluntários que não haviam se saido bem na partida optaram mais por bebidas quentes, como café e sopa.

Os cientistas sugeriram que a escolha e resultado da "sensação de frio que sentem por causa da exclusão social".

Chen-Bo Zhong, que coordenou a pesquisa, publicada na revista especializada Psychological Science, disse que "a experiência da exclusão social traz frio, literalmente".


"Isto pode explicar porque as pessoas usam metaforas relativas a temperatura para descrever a inclusão ou exclusao social", disse Zhong.


A equipe sugere que as conclusoes poderiam ser utilizadas para tratar as pessoas com sentimentos de tristeza ou de solidão.


Os pesquisadores obtiveram algumas evidências que apoia a idéia de que a temperatura reduzida também contribui para um aumento na experiência depressiva.


Na revista, publicada pela Associacao Americana de Psychological Science, eles dizem: "Uma direção interessante para a investigação seria, determinar se experimentar o calor de um objeto pode reduzir a experiência negativa da exclusao social.


"Semelhante implicação tem sido utilizada metaforicamente na literatura de auto ajuda, mas a nossa investigação sugere que comer sopa quente pode ser um mecanismo literal para enfrentar a exclusão social."


Eles também sugerem que o aumento da temperatura poderia ajudar alguem que esta "se sentindo desanimado" - da mesma forma que as pessoas com desordem afetiva periódica( ou seasonal affective disorder = SAD) são ajudados com a terapia da luz.


Dr. Lesley Prince, um docente em Psicologia na Universidade Birmingham, disse: "Isso é muito interessante, e mostra que a fisiologia se correlaciona as emoções."


Ele acrescentou: "Eu particularmente, gosto da idéia de que você pode ajudar as pessoas a se sentirem melhor, caso elas estejam se sentindo deprimidas ou solitárias, elevando a temperatura ."


Podem haver boas razões para o fato de oferecermos uma xícara de chá/ou café as pessoas para que se sintam melhor .

Fonte: BBC Health

Friday, September 26, 2008

Cientistas Explicam Como O Cérebro Reage A Leitura

O prazer de ler, todo mundo compreende. O que ninguém nunca soube explicar é de que forma isso acontece na cabeça das pessoas. Com a participação de pesquisadores brasileiros, a ciência conseguiu, pela primeira vez, fazer o mapa da leitura no cérebro humano.


Cientistas afirmam que, para cada sentido, para cada função, o cérebro reservou uma área. A região da audição, por exemplo, e acima da orelha. A da visão, atrás da cabeça. Mas, para a leitura, o cérebro ainda não teve tempo de desenvolver uma região específica. “A escrita tem cinco mil anos. Considerando o desenvolvimento da espécie humana, é muito recente”, explica a neurocientista do Hospital Sarah, Lucia Braga.


Neurocientistas do Hospital Sarah, de Brasília, e do Centro Neurospin, de Paris, descobriram que o cérebro junta as regiões da linguagem e da visão para proporcionar a leitura. O neurocientista frances Stanislas Dehaene afirma que o lado esquerdo do cérebro é ativado durante a leitura, precisamente atrás da orelha. A descoberta foi feita ao se submeter esímulos visuais dois grupos de pessoas examinadas através da ressonância magnética: alfabetizados e analfabetos.




“As pessoas alfabetizadas, ao lerem, elas ativam esse circuito. E as pessoas analfabetas, ao serem expostas a letras, não ativam esse circuito”, relata a neurocientista Lucia Braga.


Ela afirma que saber exatamente como o cérebro aciona a leitura abre novas possibilidades para a medicina. “Por exemplo, no diagnóstico da dislexia, no tratamento de pessoas que tiveram traumatismo craniano. O descobrir, desvendar os mistérios do cérebro e uma coisa fantástica e é um passo para o desenvolvimento”.


Fonte : G1 Ciência & Saúde

Wednesday, September 24, 2008

Sons Relaxantes Ajudam A Reduzir A Pressão Sanguínea


O trabalho foi apresentado na 62ª Conferencia para Pesquisa da Hipertensão.


Depois de quatro meses, a pressão sistólica dos participantes diminuiu 6,4%.


Um estudo anual apresentado em um congresso da Associação Americana do Coração afirma que ouvir sons relaxantes pode ajudar a reduzir a pressão sanguínea em idosos hipertensos.


O estudo foi realizado na Universidade de Seattle e no centro cardiovascular da mesma cidade.


Durante quatro meses, tres vezes por semana, um grupo de 41 idosos com hipertensão foi exposto a diferentes sons durante uma sessão de 12 minutos.


Os participantes estavam divididos em dois grupos. O primeiro, formado por 20 pessoas, ouviu uma voz suave que lhes pedia para relaxar todo o corpo e respirar profundamente enquanto o som das ondas do mar soava ao fundo. O segundo grupo, com 21 idosos, escutou durante esse tempo uma sonata de Mozart.


Os pesquisadores mediram as pressões sanguíneas sistólica e diastólica antes e depois de cada sessão.


Depois de quatro meses, nos dois grupos a pressao sistólica diminuiu 6,4% (de 141 a 132) no grupo que seguiu o programa de relaxamento, e quase 5% (de 141 a 134) no que ouviu Mozart. A pressão diastólica, por outro lado, não diminuiu significativamente em nenhum dos dois casos.


A autora principal da pesquisa, a professora assistente da Universidade de Seattle Jean Tang, explicou que outros estudos sugerem que uma redução de 5 mmHg na pressão sistólica pode diminuir em 9% as mortes causadas por uma doença coronária e em 14% as relacionadas com derrame cerebral.


A pequena diferenca entre os grupos, segundo Tang, pode ser a atenção dos participantes durante as sessões de audição. Entre os que escutaram música clássica, alguns possivelmente não relaxaram seus corpos.


Os tratamentos deste tipo, baseados na audição de sons como os empregados neste estudo - conhecidos como binaurais, são utilizados com sucesso há anos para tratar de dores crônicas ou no treinamento de atletas.


Tang argumentou que o efeito benéfico deste tipo de tratamento - com sons binaurais - estaria no fato de que eles “regulam as ondas cerebrais para o nível alfa, com um efeito acalmante sobre os ouvintes que se concentrarem”.


Segundo ele, o método de relaxamento atua sobre o sistema nervoso parassimpático, que reduz a pressão sanguínea ao relaxar os vasos.


Fonte : EFE através do G1 Ciência & Saúde


Mais sobre Ondas Cerebrais e Sons Binaurais


Arca de Sonhos


I - Doser

Monday, September 22, 2008

FDA Apresenta Projeto De Regulamentação Para Animais Geneticamente Modificados


A FDA, a agência americana dos medicamentos e dos produtos alimentares, apresentou na última quinta-feira um projeto de regulamentação para os animais geneticamente modificados cujos produtos são destinados ao consumo humano.

Este projeto, que será submetido aos comentários do público e de profissionais durante 60 dias antes de começar a vigorar, tem como objetivo especificar como a FDA pretende garantir que carne, lacticínios e outros produtos procedentes destes animais não apresentem riscos para os consumidores ou para o meio ambiente.

"Os animais geneticamente modificados são muito promissores para melhorar a medicina, a agricultura e a produção de novos materiais", destacou Randall Lutter, da FDA, em comunicado.

"Este guia fornece um quadro regulamentar, tanto para a criacao de animais geneticamente modificados quanto para os produtos derivados destinados ao consumo", acrescentou.

Associações de defesa dos consumidores denunciaram imediatamente o projeto, considerado insuficiente para proteger o público, ja que a FDA nao impõe a descrição no rótulo da origem destes produtos.

"É incompreensível" que a FDA não exiga uma rotulagem indicando que os produtos são procedentes de animais geneticamente modificados, criticou Michael Hansen, cientista do "Consumers Union", uma grande organização de defesa dos consumidores.

Estes animais podem, de fato, apresentar materiais genéticos procedentes de espécies totalmente distintas, como genes de rato inseridos em porcos para ajudá-los a metabolizar o fósforo, ou genes de aranha implantados em cabras para que elas produzam seda em seu leite.


Fonte : AFP (Agence France-Presse) Washington - através da Yahoo Noticias

Noticias Anteriores: :
Reuters Video : FDA aprovou o consumo de alimentos derivados de animais clonados

Wednesday, September 17, 2008

A Poluição Prejudica O Ritmo Do Coração

A Poluição prejudica o ritmo do coração, segundo o estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard.

Este estudo revelou , mais uma vez , que a poluição do ar prejudica a habilidade do coração de manter seu ritmo de batimento.


Na pesquisa, os cientistas avaliaram durante dez meses eletrocardiogramas de 48 pessoas que haviam passado recentemente por internações devido a problemas cardíacos como infartos, angina ou agravamento de problemas coronarianos.


Os pacientes foram expostos a microparticulas produzidas na queima de combustíveis fósseis, como as que são produzidas por veículos automotores.


Os estudiosos verificaram que os pacientes, especialmente os que estavam se recuperando de ataques cardíacos, apresentaram alterações no ritmo cardíaco durante o curso do estudo.


Estudos anteriores já haviam indicado que a poluição formada por microparticulas aumentava o risco de infarto.

A nova pesquisa, divulgada na publicação científica Circulation, reforça essa tese, e as alterações verificadas são consistentes com uma pobre oxigenação do coração.
“Nosso estudo fornece mais razões para evitar ou reduzir exposição ao trânsito pesado depois de receber alta, mesmo para aqueles que não tiveram um ataque cardíaco aque o trânsito leva a exposição a poluentes e também causa estresse”, disse Diane Gold, cientista que liderou o estudo.

Ela disse que mais estudos são necessários para analisar os mecanismos por trás da anomalia no ritmo cardíaco associada a poluição, observada no estudo.
Entretanto, Gold diz que a explicação mais provável é que ela é diretamente provocada por um fluxo inadequado de sangue no coração ou inflamação do músculo cardíaco.

Fonte: BBC - Ciência & Saúde

Monday, September 15, 2008

Longevidade: Japão Chega A 36 Mil Pessoas Com Mais De Cem Anos


Esta foi a notícia divulgada na última sexta-feira pelo governo japonês: o número de centenários dobrou nos últimos seis anos e atualmente as estatísticas indicam que 36.276 pessoas tem mais de cem anos , um número recorde no mundo.


O numero e 4 mil pessoas maior do que no ano passado. A maior parte dos centenários, 86%, e mulher. A longevidade recorde dos japoneses, no entanto, também cria problemas para o sistema de saúde e pensões do país.

Nos últimos 40 anos, o número de pessoas com mais de cem anos vem subindo, mas na última década, esse crescimento se acelerou.

No fim de setembro, estima-se que, pela primeira vez, o número de japonesas centenárias vai ultrapassar 31 mil.

De acordo com o governo japonês, a mulher mais velha do Japão tem 113 anos e mora no sul da ilha de Okinawa.

Já o homem mais velho tem um ano a menos, e mora em Miyazaki.
Embora o número de anciãos seja bem menor, ele também é recorde. Pela primeira vez na história, já são mais de 5 mil centenários.

Até 2050, o número de pessoas entrando no segundo século de vida deve pular para 1 milhão.

Apesar de muitos desses idosos estarem mais saudáveis e ativos do que em gerações anteriores, o governo teme o impacto que eles possam causar na sociedade.

Fonte : BBC - Ciência & Saúde

O Segredo Japonês : Sua culinária é considerada a mais saudável do mundo

Constituida por uma variedade enorme de pratos com peixes, vegetais, derivados de soja e algas, a cozinha oriental conquistou adeptos no mundo inteiro. Além de propiciar uma alimentação colorida, cheia de sabor e de formas exóticas, ela mostra que também eé saudável.
Pequeno glossário da cozinha japonesa :







  • Gohan: arroz cozido
  • Misso: pasta de soja
  • Sushi: gohan temperado com vinagre de arroz e pescados ou legumes
  • Sashimi: peixe fresco cru
  • Tsukemono: nabo em conserva
  • Yakizakana: peixe grelhado
  • Soba: macarrao
  • Yakisoba: macarrão grelhado
  • Udon: macarrão de arroz
  • Tekamaki: especie de sushi enrolado com algas e recheio de peixe
  • Gioza: pastel cozido
  • Sukiaki: ensopado de carne fatiada e legumes
  • Wasabi: raiz forte que acompanha sushi e sashimi
  • Dashi: caldo de peixe usado para molhos
  • Temaki: sushi em formato de cone

  • Fonte : Correio Braziliense - 2002
    Outros assuntos afins:
    JB Online : Alimentos antioxidantes: o que são e para que servem ?

    Thursday, September 11, 2008

    Monday, September 8, 2008

    Pode Um Cérebro Danificado Mudar A Sua Própria Estrutura E Substituir Suas Funções Perdidas?

    Em seu novo livro o psiquiatra Norman Doidge alega que o cérebro pode, e isto estaá transformando a neurociência convencional .


    Como modelo para a terceira idade ativa, Stanley Karansky é exemplar. Como médico ele trabalhou até os 70 anos. Entediou-se com a aposentadoria , fez uma reciclagem profissional e trabalhou por mais 10 anos. Aos 89 anos ele percebeu que suas palavras estavam se tornando menos fluentes, sua forma de dirigir estava se deteriorando e ele percebeu que estava retrocedendo. Isto o levou, aos 90 anos, iniciar um programa de memória auditiva, jogado no computador, com exercícios de 75 minutos, três vezes por semana por três meses.


    Depois de seis semanas, ele começou a se sentir mais alerta, e a deterioração motora e social que ele havia observado começou a inverter.


    Não é por acaso que Karansky tem sido um auto educador por toda a sua vida, e que quando ele se envolve em alguma coisa, seja matemática séria, Su Do Ku, ou um período da história, ele dá a sua atenção total. E isto , diz o psiquiatra Norman Doidge, e uma condição necessária para a criação de mudanças no cérebro.


    Em seu livro "The Brain that Changes Itself", Doidge argumenta que a descoberta de que os pensamentos podem mudar a estrutura e função dos nossos cérebros - até mesmo em idade avançada - é o mais importante avaço em neurociência, em 400 anos. Sua coleção de casos , Karansky entre eles, é inspirador: pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais e que tinham sido declaradas incuráveis tem recebido ajuda para restabelecerem-se, problemas de aprendizado foram curados, QIs elevaram-se, traumas e obsessões foram superados. Tambem existem casos de pessoas com 80 anos de idade, cujas funções de memória foram restauradas, e são comparáveis a pessoas 20 anos mais jovens. " É um grande exemplo da plasticidade dos adultos."


    Plasticidade é a palavra que Doidge usa para descrever o cérebro maleável.


    "Se os cientistas foram lentos para reconhecer as possibilidades da flexibilidade do cérebro, isto é, devido a posição dominante da crença tradicional de que o cérebro, como o coração, é mecanicista. Se o cérebro é uma máquina na qual uma função é controlada por um local, uma função se perde se algum local for destruido." Doidge reconhece que funções específicas estão correlacionadas a locais específicos, mas insiste que isto não exclui a mudança.


    Quando pessoas que sofriam lesões cerebrais se recuperavam, as suas melhoras eram explicadas como que de fora. Rotineiramente pessoas que sofriam acidentes vasculares cerebrais ouviam que a melhora a longo prazo nao iria acontecer. A tecnologia para medir as alterações microscópias no cérebro ainda não existia, e a tendência do cérebro de impor padrões estabelecidos - tais como maus hábitos, sotaques - também atenuava contra a possibilidade do cérebro ser flexiíel.


    " Basicamente, por muitas centenas de anos a ciência neural entendeu errado. Eu não estou defendendo que o cérebro e infinitamente maleável, estou tentando restabelecer a plasticidade que o cérebro possui.ÉE uma tarefa muito difícil reorganizar o seu cérebro, e em alguns casos, não é possível. Em muitos outros é. "


    Livro: The Brain that Changes Itself, Norman Doidge, Penguin


    Fonte : TimesOnLine - Health


    Videos (ambos em inglês) relacionados ao assunto:

    Dr Stanley Karansky






    Noticias da CBS
    sobre Posit Science



    Saturday, September 6, 2008

    Dance, Dance, Dance

    Dancar, ao que parece, tem muitos beneficios bem conhecidos a saude: flexibilidade, melhora do condicionamento aerobico, aprimoramento da coordenacao motora e perda de peso, entre tantos outros.


    Inspiração.
    Matt Harding conhecido pelo seu video Where The Hell is Matt ? dança ao redor do mundo. Esta versão contém tomadas feitas em 42 países em um período de 14 meses e um elenco de milhares.

    Where the Hell is Matt? (2008)


    Fonte: YouTube

    Monday, September 1, 2008

    A Primeira Descoberta Do DNA - Espiral

    Créditos a : Alysson Muotri - G1

    São realmente poucos os que lembram quem descobriu o DNA. Mesmo entre biólogos moleculares, e difícil encontrar um que saiba. Acho que a razão disso foi o tremendo impacto que a estrutura da molécula, revelada por Watson e Crick na década de 1950, trouxe para a biologia. O descobrimento da estrutura do DNA ocultou por completo a história de sua própria descoberta, 75 anos antes.

    Foi em 26 de fevereiro de 1869 que o suiço Johann Friedrich Miescher escreveu uma carta para seu tio relatando sua nova descoberta, na Universidade de Tubingen, na Alemanha. Friedrich, como era conhecido, descobriu uma substância que estava presente no núcleo de todas as células, e que possuia uma característica química diferente das proteinas ou outro componente celular conhecido. Sem saber do valor desse achado, o jovem médico iniciou uma das maiores revoluções científicas, que, anos mais tarde, iria mudar completamente a compreensão do conceito de vida, além de promover inúmeros avanços médicos.

    Friedrich nasceu numa familia de cientistas, em 1844, e foi exposto desde cedo a conceitos e debates científicos. Nesse contexto, não foi novidade que ele desenvolvesse uma atração pelas ciências naturais. Mas, como era costume na época, Friedrich formou-se médico primeiro, aventurando-se depois na ciência básica, principalmente na bioquímica. Essa inclinação foi influenciada por um tio, professor de fisiologia na Universidade de Basileia, na Suiça, que acreditava que as questões relacionadas com o desenvolvimento dos tecidos somente seriam resolvidas com base química.

    Friedrich começou a trabalhar sob a supervisão de um famoso químico na época, Felix Hoppe-Seyler, que o encarregou de caracterizar a composição quimica das células. A idéia era utilizar linfócitos, células do sistema imune que estão presentes no sangue, usadas no laboratório de Hoppe-Seyler. Infelizmente, era difícil conseguir grandes quantidades desse tipo celular para análises químicas. Friedrich decidiu então tentar leucócitos, outra célula do sangue, que ele conseguia em abundância no pus. As células eram isoladas de curativos purulentos de um hospital da cidade (lembre-se de que não haviam anti sépticos, e o que não faltava era machucado cheio de pus!).

    Depois de padronizar as condições para isolar células, Friedrich começou a caracterizar as proteinas. Logo percebeu que a complexidade proteica era enorme. Como muitos na época, ele acreditava que entenderia como a célula funcionava caracterizando a diversidade proteica. Numa de suas tentativas, Friedrich descobriu uma substância com propriedades únicas: conseguiu precipita-la com ácidos e, ao ser dissolvida novamente, tornava a solução alcalina.

    Essa deve ter sido a primeira purificaÇÃo de DNA da histÓria. Mais interessante ainda, a substÂncia parecia estar totalmente localizada no nÚcleo celular, uma estrutura de intenso debate cientÍfico naquele momento. Friedrich batizou o novo composto de “nucleina”. Vale lembrar que, mesmo sem saber qual a real funÇÃo do nÚcleo da célula, outro biólogo alemão, Ernst Haeckel, já havia proposto que ele continha os fatores da hereditariedade. Isso três anos antes da descoberta de Friedrich.

    Essa discussão toda sobre o núcleo celular estimulou Friedrich a aprimorar os métodos de purificação da nucleina. Conseguiu isso digerindo os lipídeos com álcool e as proteinas com pepsina, uma enzima que degrada proteinas, abundante no estômago de porcos. Pois é: lá foi ele isolar pepsina e, tratando a nucleina, demonstrou que realmente a substância nã
    o era mesmo de origem proteica. A caracterização química da nucleina revelou que ela continha carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrog~enio, além de grandes quantidades de fosfato (algo raro nas moléculas organicas caracterizadas na época). Com isso, Friedrich se convenceu que tinha em mãos algo original. Próximo passo: publicação!

    Quando o manuscrito de Friedrich ficou pronto, ele já estava num outro laboratório. Mesmo assim, decidiu que publicaria os achados na revista cientifica cujo editor era Hoppe-Seyler, seu antigo supervisor. Ironicamente, Hoppe-Seyler decidiu não publicar os resultados da pesquisa antes de comprovar por si próprio os achados de Friedrich. Essa atitude ocorreu porque naquele momento, o laboratório de Hoppe-Seyler estava sob suspeita, pois outros experimentos não estavam sendo duplicados. Além disso, o fato de Friedrich ter sido um ex aluno fez com que Hoppe-Seyler fosse ultra-rigoroso com o trabalho.

    Pra piorar, os resultados iniciais de Hoppe-Seyler não replicaram totalmente os achados de Friedrich. Obviamente, as condições ideais tinham que ser restabelecidas, e isso levaria tempo. Levou quase dois anos! Em 1871 o trabalho foi finalmente publicado, com um titulo nada atraente: “Composiçao química das células do pus”. No mesmo jornal, dois outros artigos de Hoppe-Seyler, confirmando a descoberta e purificando a nucleina em outros tipos celulares de diferentes espécies, foram publicados. Agora com seu próprio laboratório, Friedrich tinha que competir com Hoppe-Seyler, que se interessou em continuar as pesquisas com a nucleina. E incrivel como essas histórias são tão atuais!

    Enfim, Friedrich não desanimou e decidiu estudar a nucleina nas células germinativas (como os espermatozóides e os óvulos), afinal ele tinha grande interesse em hereditariedade e desenvolvimento dos tecidos. Logo percebeu que o esperma era rico em nucleina e, portanto, uma otima fonte para seus estudos bioquímicos. Friedrich aproveitou-se do fato de estar perto de uma companhia que pescava e comercializava salmões. Tinha acesso a salmões frescos e começou a usar esperma de salmão como fonte de nucleina, aprimorando rapidamente seus protocolos de isolamento.

    Vale notar que nessa época, aconteciam intensos debates na comunidade científica sobre como o embrião se desenvolvia e como funcionava a hereditariedade. Num de seus artigos, Friedrich escreveu que a nucleina poderia ser um dos responsáveis pelo processo de fertilização, mas não acreditava que seria capaz de transmitir características hereditárias. Como a maioria naquela época, Friedrich estava convencido que as proteinas eram responsáveis pela hereditariedade.

    Chegou a especular que as diferenças atmicas entre as proteinas poderiam gerar a diversidade esperada para todas as formas de vida. Foi mais além, dizendo que, durante o desenvolvimento embrionário, a fusão da informação das duas células germinativas eliminaria eventuais erros nas proteinas. Essa visão parece antecipar o conceito genético de alelo, onde um gene defeituoso do pai pode ser compensado pela presença do gene correto da mãe e vice versa.

    A continuacção das pesquisas de Friedrich foi intensa, e eu precisaria de uma outra coluna só pra falar dela. A determinação dele como cientista foi notável, mas foi também responsável pela sua morte. Ficava cada vez mais tempo no laboratório, isolado socialmente, dormindo pouco e exausto, ate que contraiu tuberculose. Morreu com apenas 51 anos. Após sua morte, seu tio e admirador publicou uma compilação de seus trabalhos. Escreveu na introdução que os achados de Friedrich não seriam esquecidos com o tempo, mas que suas idéias seriam sementes para futuros frutos científicos. Mal sabia ele…

    Segue um protocolo simples para a extração do DNA usando produtos de cozinha. O principio ainda e bem parecido com o de Friedrich.

    Fonte : G1 Ciência e Saúde