O homem da antiguidade tinha um apurado sentido do olfato, primordial para a sua sobrevivência e a das suas tribos. Muito antes de ter a capacidade de pensar, no nosso cérebro já se desenvolvera o assim chamado sistema límbico, onde também se situa o sentido do olfato.
Além das formas e cores, o cheiro das plantas, das frutas, da agua potável e das carnes frescas era um marco de reconhecimento na procura pelo alimento. Também a escolha do parceiro sexual, na hora certa, era definida pelo cheiro.
Em algum momento do tempo, o homem lançou galhos, grama seca e plantas em sua fogueira, percebeu os odores que o envolviam, e sentiu seus efeitos: sonolência, vigilância, lassidao e alegria; na maior parte das vezes, alimentou-se de plantas e frutos e notou que seu corpo reagia de acordo com o que comia. Observou o comportamento dos animais que se alimentavam somente de determinadas plantas. Assim, perseguindo as causas durante o aprendizado de sua vivência, paulatinamente ele foi desenvolvendo sua inteligência. A história do uso das plantas e ervas teve assim início e com ela também a história da aromaterapia.
A aromaterapia era parte integrante dos mais antigos métodos de tratamento para a saúde, muito antes dos ora conhecidos processos de manipulação e de aplicação, desenvolvidos a partir dos óleos aromáticos. No Iraque, ao lado de um esqueleto de 6.000 anos, foram encontradas vasilhas contendo pólen de flores de planats medicinais nativas, o que leva a crer que o homem era um xamã ou um experiente conhecedor de plantas. Existe ainda hoje uma prescrição de tratamento, datada dessa época, com mais de 8.000 receitas.
Nos mais antigos pergaminhos dos Rigvedas ( cerca de 2.000 a.C. ) , pode-se ler : " Venha, minha querida planta, e trate este doente para mim."
Para os egípcios, o uso dos aromas e essências era o método mais eficaz, porque eles acreditavam que os cheiros eram uma especial provisão dos deuses, destinada aos homens. Seus reis mandavam encher suas piscinas com agua de rosas e, depois da morte, seus corpos eram pincelados com resina de coníferas para que o processo natural de decomposição fosse evitado.
Envoltos em panos fortemente ajustados e amarrados, previamente embebidos em óleos de incenso e de mirra, os reis podiam seguir incolumes para um mundo novo e iniciar uma nova vida. O resultado dessa tecnica pode ser comprovado milhares de anos mais tarde pelas descobertas dos arqueólogos ao serem abertas as suas tumbas. Os corpos dos faraós estavam quase intactos. Na tumba do rei Amon foram encontrados recipientes com essências aromáticas, e embora remontem ao ano de 1400 a.C. não perderam sua intensidade.
O povo egípcio também usou as essências aromáticas. Os homens usavam uma espécie de desodorante feito com mirra, incenso e tomilho. Os óleos aromáticos eram misturados com gordura e usados sob a roupa na forma de bolnhas, que iam se derretendo lentamente devido ao calor do corpo. Isso há cerca de 5.000 anos.
É sabido que por volta de ano 2000 a.C. os reis babilônicos usavam no banho essências aromáticas e eram massageados com óleos .
Da Grécia antiga, chegou-nos o conhecimento de um processo de destilação de óleos aromáticos lá desenvolvido. A obra Além dos Perfumes, de Theofrasto, é o primeiro livro sobre a terapia das essências aromáticas e foram tambem os antigos gregos que continuaram as pesquisas sobre o assunto.
Cem anos depois de Cristo, já florescia o comércio com as essências perfumadas. Primeiro foram os árabes, que levavam noz-moscada do Tibete, sândalo da Índia e cânfora da China para os países de Ocidente.
Os romanos, que traziam muitas novas especiarias das regiões conquistadas, eram mestres na maravilhosa arte dos banhos e massagens exóticas e alcançavam nisso o maior êxito.
No Oriente , os Sufis destinavam determinados perfumes a cada chakra e os utilizavam em práticas espirituais e na meditação. Eles sabiam que os homens tinham vários corpos e tratavam com óleos aromáticos, além do corpo físico, também o astral e o espiritual.
Como aos olhos do observador comum o mundo não termina no ponto infinito do horizonte, as essências perfumadas partiram da Ásia, e tomaram o rumo do Oriente, do sul da Europa e da Europa Central, e seu amplo espectro de tratamento foi largamente difundido. Nas épocas das grandes epidemias, como a peste, os perfumes eram um poderoso auxiliar da profilaxia. Nas ruas e hospitais eram queimadas resinas de pinho, de cedro e de cipreste para - muito acertadanmente - debelar a epidemia.
No século XVI, simultaneamente com outros estudiosos da Europa, o inglês Culpeper dedicou-se ao estudo das plantas, as suas essências e efeitos curativos e estimulantes. Seu trabalho na Europa teve ampla repercussão e muito contribuiu para a disseminação de conhecimentos sobre os óleos aromáticos.
Já o químico francês Gattefosse conseguiu apurar, em suas experiências com perfumes e cosméticos, o poder dos óleos aromáticos. Numa dessas experiências, ele queimou a mão e, instintivamente, colocou-a no recipiente mais próximo, que continha óleo de lavanda. Para sua surpresa, a ferida cicatrizou rapidamente, a área não se infeccionou, tampouco produziu bolhas. Esse evento foi o ponto de partida e o objetivo de novas pesquisas, ele adotou o vocábulo Aromaterapia e divulgou, em 1928, o primeiro livro sobre o assunto.
Inspirado em Gattefosse, o médico francês Jean Valnet principiou a se ocupar largamente com o estudo e os efeitos dos óleos aromáticos extraidos das ervas medicinais. Logo apos, ele passou a tratar seus pacientes quase que exclusivamente com ervas e óleos.
A cidade de Grasse, no sul da França, onde vivia Gattefosse, e hoje considerada algo como o Centro de Tratamento por óleos aromáticos, e de outros produtos aromatizantes para a indústria dos perfumes.
Hoje os óleos aromáticos são encontrados em estado puro nas drogarias, ervanários e perfumarias naturais, e fazem parte integrante das massagens e banhos. Tambem águas de cheiro, lamparinas aromatizadoras, produtos que você pode usar para revigorar e harmonizar o seu corpo, muitas comprometido pelas tensões do nosso sistema de vida.
Fonte: Guia Completo de Aromaterapia - Erich Keller . Editora Pensamento
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