Monday, September 22, 2008

FDA Apresenta Projeto De Regulamentação Para Animais Geneticamente Modificados


A FDA, a agência americana dos medicamentos e dos produtos alimentares, apresentou na última quinta-feira um projeto de regulamentação para os animais geneticamente modificados cujos produtos são destinados ao consumo humano.

Este projeto, que será submetido aos comentários do público e de profissionais durante 60 dias antes de começar a vigorar, tem como objetivo especificar como a FDA pretende garantir que carne, lacticínios e outros produtos procedentes destes animais não apresentem riscos para os consumidores ou para o meio ambiente.

"Os animais geneticamente modificados são muito promissores para melhorar a medicina, a agricultura e a produção de novos materiais", destacou Randall Lutter, da FDA, em comunicado.

"Este guia fornece um quadro regulamentar, tanto para a criacao de animais geneticamente modificados quanto para os produtos derivados destinados ao consumo", acrescentou.

Associações de defesa dos consumidores denunciaram imediatamente o projeto, considerado insuficiente para proteger o público, ja que a FDA nao impõe a descrição no rótulo da origem destes produtos.

"É incompreensível" que a FDA não exiga uma rotulagem indicando que os produtos são procedentes de animais geneticamente modificados, criticou Michael Hansen, cientista do "Consumers Union", uma grande organização de defesa dos consumidores.

Estes animais podem, de fato, apresentar materiais genéticos procedentes de espécies totalmente distintas, como genes de rato inseridos em porcos para ajudá-los a metabolizar o fósforo, ou genes de aranha implantados em cabras para que elas produzam seda em seu leite.


Fonte : AFP (Agence France-Presse) Washington - através da Yahoo Noticias

Noticias Anteriores: :
Reuters Video : FDA aprovou o consumo de alimentos derivados de animais clonados

Wednesday, September 17, 2008

A Poluição Prejudica O Ritmo Do Coração

A Poluição prejudica o ritmo do coração, segundo o estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard.

Este estudo revelou , mais uma vez , que a poluição do ar prejudica a habilidade do coração de manter seu ritmo de batimento.


Na pesquisa, os cientistas avaliaram durante dez meses eletrocardiogramas de 48 pessoas que haviam passado recentemente por internações devido a problemas cardíacos como infartos, angina ou agravamento de problemas coronarianos.


Os pacientes foram expostos a microparticulas produzidas na queima de combustíveis fósseis, como as que são produzidas por veículos automotores.


Os estudiosos verificaram que os pacientes, especialmente os que estavam se recuperando de ataques cardíacos, apresentaram alterações no ritmo cardíaco durante o curso do estudo.


Estudos anteriores já haviam indicado que a poluição formada por microparticulas aumentava o risco de infarto.

A nova pesquisa, divulgada na publicação científica Circulation, reforça essa tese, e as alterações verificadas são consistentes com uma pobre oxigenação do coração.
“Nosso estudo fornece mais razões para evitar ou reduzir exposição ao trânsito pesado depois de receber alta, mesmo para aqueles que não tiveram um ataque cardíaco aque o trânsito leva a exposição a poluentes e também causa estresse”, disse Diane Gold, cientista que liderou o estudo.

Ela disse que mais estudos são necessários para analisar os mecanismos por trás da anomalia no ritmo cardíaco associada a poluição, observada no estudo.
Entretanto, Gold diz que a explicação mais provável é que ela é diretamente provocada por um fluxo inadequado de sangue no coração ou inflamação do músculo cardíaco.

Fonte: BBC - Ciência & Saúde

Monday, September 15, 2008

Longevidade: Japão Chega A 36 Mil Pessoas Com Mais De Cem Anos


Esta foi a notícia divulgada na última sexta-feira pelo governo japonês: o número de centenários dobrou nos últimos seis anos e atualmente as estatísticas indicam que 36.276 pessoas tem mais de cem anos , um número recorde no mundo.


O numero e 4 mil pessoas maior do que no ano passado. A maior parte dos centenários, 86%, e mulher. A longevidade recorde dos japoneses, no entanto, também cria problemas para o sistema de saúde e pensões do país.

Nos últimos 40 anos, o número de pessoas com mais de cem anos vem subindo, mas na última década, esse crescimento se acelerou.

No fim de setembro, estima-se que, pela primeira vez, o número de japonesas centenárias vai ultrapassar 31 mil.

De acordo com o governo japonês, a mulher mais velha do Japão tem 113 anos e mora no sul da ilha de Okinawa.

Já o homem mais velho tem um ano a menos, e mora em Miyazaki.
Embora o número de anciãos seja bem menor, ele também é recorde. Pela primeira vez na história, já são mais de 5 mil centenários.

Até 2050, o número de pessoas entrando no segundo século de vida deve pular para 1 milhão.

Apesar de muitos desses idosos estarem mais saudáveis e ativos do que em gerações anteriores, o governo teme o impacto que eles possam causar na sociedade.

Fonte : BBC - Ciência & Saúde

O Segredo Japonês : Sua culinária é considerada a mais saudável do mundo

Constituida por uma variedade enorme de pratos com peixes, vegetais, derivados de soja e algas, a cozinha oriental conquistou adeptos no mundo inteiro. Além de propiciar uma alimentação colorida, cheia de sabor e de formas exóticas, ela mostra que também eé saudável.
Pequeno glossário da cozinha japonesa :







  • Gohan: arroz cozido
  • Misso: pasta de soja
  • Sushi: gohan temperado com vinagre de arroz e pescados ou legumes
  • Sashimi: peixe fresco cru
  • Tsukemono: nabo em conserva
  • Yakizakana: peixe grelhado
  • Soba: macarrao
  • Yakisoba: macarrão grelhado
  • Udon: macarrão de arroz
  • Tekamaki: especie de sushi enrolado com algas e recheio de peixe
  • Gioza: pastel cozido
  • Sukiaki: ensopado de carne fatiada e legumes
  • Wasabi: raiz forte que acompanha sushi e sashimi
  • Dashi: caldo de peixe usado para molhos
  • Temaki: sushi em formato de cone

  • Fonte : Correio Braziliense - 2002
    Outros assuntos afins:
    JB Online : Alimentos antioxidantes: o que são e para que servem ?

    Thursday, September 11, 2008

    Monday, September 8, 2008

    Pode Um Cérebro Danificado Mudar A Sua Própria Estrutura E Substituir Suas Funções Perdidas?

    Em seu novo livro o psiquiatra Norman Doidge alega que o cérebro pode, e isto estaá transformando a neurociência convencional .


    Como modelo para a terceira idade ativa, Stanley Karansky é exemplar. Como médico ele trabalhou até os 70 anos. Entediou-se com a aposentadoria , fez uma reciclagem profissional e trabalhou por mais 10 anos. Aos 89 anos ele percebeu que suas palavras estavam se tornando menos fluentes, sua forma de dirigir estava se deteriorando e ele percebeu que estava retrocedendo. Isto o levou, aos 90 anos, iniciar um programa de memória auditiva, jogado no computador, com exercícios de 75 minutos, três vezes por semana por três meses.


    Depois de seis semanas, ele começou a se sentir mais alerta, e a deterioração motora e social que ele havia observado começou a inverter.


    Não é por acaso que Karansky tem sido um auto educador por toda a sua vida, e que quando ele se envolve em alguma coisa, seja matemática séria, Su Do Ku, ou um período da história, ele dá a sua atenção total. E isto , diz o psiquiatra Norman Doidge, e uma condição necessária para a criação de mudanças no cérebro.


    Em seu livro "The Brain that Changes Itself", Doidge argumenta que a descoberta de que os pensamentos podem mudar a estrutura e função dos nossos cérebros - até mesmo em idade avançada - é o mais importante avaço em neurociência, em 400 anos. Sua coleção de casos , Karansky entre eles, é inspirador: pessoas que sofreram acidentes vasculares cerebrais e que tinham sido declaradas incuráveis tem recebido ajuda para restabelecerem-se, problemas de aprendizado foram curados, QIs elevaram-se, traumas e obsessões foram superados. Tambem existem casos de pessoas com 80 anos de idade, cujas funções de memória foram restauradas, e são comparáveis a pessoas 20 anos mais jovens. " É um grande exemplo da plasticidade dos adultos."


    Plasticidade é a palavra que Doidge usa para descrever o cérebro maleável.


    "Se os cientistas foram lentos para reconhecer as possibilidades da flexibilidade do cérebro, isto é, devido a posição dominante da crença tradicional de que o cérebro, como o coração, é mecanicista. Se o cérebro é uma máquina na qual uma função é controlada por um local, uma função se perde se algum local for destruido." Doidge reconhece que funções específicas estão correlacionadas a locais específicos, mas insiste que isto não exclui a mudança.


    Quando pessoas que sofriam lesões cerebrais se recuperavam, as suas melhoras eram explicadas como que de fora. Rotineiramente pessoas que sofriam acidentes vasculares cerebrais ouviam que a melhora a longo prazo nao iria acontecer. A tecnologia para medir as alterações microscópias no cérebro ainda não existia, e a tendência do cérebro de impor padrões estabelecidos - tais como maus hábitos, sotaques - também atenuava contra a possibilidade do cérebro ser flexiíel.


    " Basicamente, por muitas centenas de anos a ciência neural entendeu errado. Eu não estou defendendo que o cérebro e infinitamente maleável, estou tentando restabelecer a plasticidade que o cérebro possui.ÉE uma tarefa muito difícil reorganizar o seu cérebro, e em alguns casos, não é possível. Em muitos outros é. "


    Livro: The Brain that Changes Itself, Norman Doidge, Penguin


    Fonte : TimesOnLine - Health


    Videos (ambos em inglês) relacionados ao assunto:

    Dr Stanley Karansky






    Noticias da CBS
    sobre Posit Science



    Saturday, September 6, 2008

    Dance, Dance, Dance

    Dancar, ao que parece, tem muitos beneficios bem conhecidos a saude: flexibilidade, melhora do condicionamento aerobico, aprimoramento da coordenacao motora e perda de peso, entre tantos outros.


    Inspiração.
    Matt Harding conhecido pelo seu video Where The Hell is Matt ? dança ao redor do mundo. Esta versão contém tomadas feitas em 42 países em um período de 14 meses e um elenco de milhares.

    Where the Hell is Matt? (2008)


    Fonte: YouTube

    Monday, September 1, 2008

    A Primeira Descoberta Do DNA - Espiral

    Créditos a : Alysson Muotri - G1

    São realmente poucos os que lembram quem descobriu o DNA. Mesmo entre biólogos moleculares, e difícil encontrar um que saiba. Acho que a razão disso foi o tremendo impacto que a estrutura da molécula, revelada por Watson e Crick na década de 1950, trouxe para a biologia. O descobrimento da estrutura do DNA ocultou por completo a história de sua própria descoberta, 75 anos antes.

    Foi em 26 de fevereiro de 1869 que o suiço Johann Friedrich Miescher escreveu uma carta para seu tio relatando sua nova descoberta, na Universidade de Tubingen, na Alemanha. Friedrich, como era conhecido, descobriu uma substância que estava presente no núcleo de todas as células, e que possuia uma característica química diferente das proteinas ou outro componente celular conhecido. Sem saber do valor desse achado, o jovem médico iniciou uma das maiores revoluções científicas, que, anos mais tarde, iria mudar completamente a compreensão do conceito de vida, além de promover inúmeros avanços médicos.

    Friedrich nasceu numa familia de cientistas, em 1844, e foi exposto desde cedo a conceitos e debates científicos. Nesse contexto, não foi novidade que ele desenvolvesse uma atração pelas ciências naturais. Mas, como era costume na época, Friedrich formou-se médico primeiro, aventurando-se depois na ciência básica, principalmente na bioquímica. Essa inclinação foi influenciada por um tio, professor de fisiologia na Universidade de Basileia, na Suiça, que acreditava que as questões relacionadas com o desenvolvimento dos tecidos somente seriam resolvidas com base química.

    Friedrich começou a trabalhar sob a supervisão de um famoso químico na época, Felix Hoppe-Seyler, que o encarregou de caracterizar a composição quimica das células. A idéia era utilizar linfócitos, células do sistema imune que estão presentes no sangue, usadas no laboratório de Hoppe-Seyler. Infelizmente, era difícil conseguir grandes quantidades desse tipo celular para análises químicas. Friedrich decidiu então tentar leucócitos, outra célula do sangue, que ele conseguia em abundância no pus. As células eram isoladas de curativos purulentos de um hospital da cidade (lembre-se de que não haviam anti sépticos, e o que não faltava era machucado cheio de pus!).

    Depois de padronizar as condições para isolar células, Friedrich começou a caracterizar as proteinas. Logo percebeu que a complexidade proteica era enorme. Como muitos na época, ele acreditava que entenderia como a célula funcionava caracterizando a diversidade proteica. Numa de suas tentativas, Friedrich descobriu uma substância com propriedades únicas: conseguiu precipita-la com ácidos e, ao ser dissolvida novamente, tornava a solução alcalina.

    Essa deve ter sido a primeira purificaÇÃo de DNA da histÓria. Mais interessante ainda, a substÂncia parecia estar totalmente localizada no nÚcleo celular, uma estrutura de intenso debate cientÍfico naquele momento. Friedrich batizou o novo composto de “nucleina”. Vale lembrar que, mesmo sem saber qual a real funÇÃo do nÚcleo da célula, outro biólogo alemão, Ernst Haeckel, já havia proposto que ele continha os fatores da hereditariedade. Isso três anos antes da descoberta de Friedrich.

    Essa discussão toda sobre o núcleo celular estimulou Friedrich a aprimorar os métodos de purificação da nucleina. Conseguiu isso digerindo os lipídeos com álcool e as proteinas com pepsina, uma enzima que degrada proteinas, abundante no estômago de porcos. Pois é: lá foi ele isolar pepsina e, tratando a nucleina, demonstrou que realmente a substância nã
    o era mesmo de origem proteica. A caracterização química da nucleina revelou que ela continha carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrog~enio, além de grandes quantidades de fosfato (algo raro nas moléculas organicas caracterizadas na época). Com isso, Friedrich se convenceu que tinha em mãos algo original. Próximo passo: publicação!

    Quando o manuscrito de Friedrich ficou pronto, ele já estava num outro laboratório. Mesmo assim, decidiu que publicaria os achados na revista cientifica cujo editor era Hoppe-Seyler, seu antigo supervisor. Ironicamente, Hoppe-Seyler decidiu não publicar os resultados da pesquisa antes de comprovar por si próprio os achados de Friedrich. Essa atitude ocorreu porque naquele momento, o laboratório de Hoppe-Seyler estava sob suspeita, pois outros experimentos não estavam sendo duplicados. Além disso, o fato de Friedrich ter sido um ex aluno fez com que Hoppe-Seyler fosse ultra-rigoroso com o trabalho.

    Pra piorar, os resultados iniciais de Hoppe-Seyler não replicaram totalmente os achados de Friedrich. Obviamente, as condições ideais tinham que ser restabelecidas, e isso levaria tempo. Levou quase dois anos! Em 1871 o trabalho foi finalmente publicado, com um titulo nada atraente: “Composiçao química das células do pus”. No mesmo jornal, dois outros artigos de Hoppe-Seyler, confirmando a descoberta e purificando a nucleina em outros tipos celulares de diferentes espécies, foram publicados. Agora com seu próprio laboratório, Friedrich tinha que competir com Hoppe-Seyler, que se interessou em continuar as pesquisas com a nucleina. E incrivel como essas histórias são tão atuais!

    Enfim, Friedrich não desanimou e decidiu estudar a nucleina nas células germinativas (como os espermatozóides e os óvulos), afinal ele tinha grande interesse em hereditariedade e desenvolvimento dos tecidos. Logo percebeu que o esperma era rico em nucleina e, portanto, uma otima fonte para seus estudos bioquímicos. Friedrich aproveitou-se do fato de estar perto de uma companhia que pescava e comercializava salmões. Tinha acesso a salmões frescos e começou a usar esperma de salmão como fonte de nucleina, aprimorando rapidamente seus protocolos de isolamento.

    Vale notar que nessa época, aconteciam intensos debates na comunidade científica sobre como o embrião se desenvolvia e como funcionava a hereditariedade. Num de seus artigos, Friedrich escreveu que a nucleina poderia ser um dos responsáveis pelo processo de fertilização, mas não acreditava que seria capaz de transmitir características hereditárias. Como a maioria naquela época, Friedrich estava convencido que as proteinas eram responsáveis pela hereditariedade.

    Chegou a especular que as diferenças atmicas entre as proteinas poderiam gerar a diversidade esperada para todas as formas de vida. Foi mais além, dizendo que, durante o desenvolvimento embrionário, a fusão da informação das duas células germinativas eliminaria eventuais erros nas proteinas. Essa visão parece antecipar o conceito genético de alelo, onde um gene defeituoso do pai pode ser compensado pela presença do gene correto da mãe e vice versa.

    A continuacção das pesquisas de Friedrich foi intensa, e eu precisaria de uma outra coluna só pra falar dela. A determinação dele como cientista foi notável, mas foi também responsável pela sua morte. Ficava cada vez mais tempo no laboratório, isolado socialmente, dormindo pouco e exausto, ate que contraiu tuberculose. Morreu com apenas 51 anos. Após sua morte, seu tio e admirador publicou uma compilação de seus trabalhos. Escreveu na introdução que os achados de Friedrich não seriam esquecidos com o tempo, mas que suas idéias seriam sementes para futuros frutos científicos. Mal sabia ele…

    Segue um protocolo simples para a extração do DNA usando produtos de cozinha. O principio ainda e bem parecido com o de Friedrich.

    Fonte : G1 Ciência e Saúde

    Wednesday, August 27, 2008

    Neurociência E Meditação


    A Neurociência tem estudado as reações do cérebro em estado de relaxamento e descobriu que e possível, sim, melhorar sintomas de doenças ligadas a atividade cerebral por meio da prática meditativa. O psicólogo e mestre em Neurociências pela Universidade de Sao Paulo (USP), Leonardo Mascaro, partiu da teoria sobre frequências das ondas cerebrais e desenvolveu uma série de exercícios para fazer com que as pessoas consigam entrar em estado de meditação.


    Os resultados desta prática, segundo Mascaro, são fisiologicamente explicados e capazes de melhorar sintomas de estresse, síndrome do pânico, dificuldade de concentração e diversos outros problemas neurológicos e psicológicos.

    As descobertas científicas mais recentes da Neurociência, de acordo com ele, vem demonstrando que o cérebro e extremamente plástico e que treinamentos – mentais e neurológicos – podem produzir modificações tanto na estrutura quanto no funcionamento desse órgão vital. Mascaro assina o livro A Arquitetura do Eu – Psicoterapia, Meditação e Exercícios para o Cérebro, no qual explica como a meditação pode facilitar a experiência de expansão da percepção e consciência, trazendo bem-estar, equilibrio e paz interior.


    O relaxamento produz benefícios variados, tanto físicos quanto mentais, mas sua principal função é fornecer a base para que a meditação possa acontecer. O relaxamento ativa um ramo do sistema nervoso chamado parassimpático, que reorganiza o arranjo das frequências cerebrais, principalmente no que diz respeito as ondas beta que, para que a meditação possa ocorrer, devem ter sua amplitude reduzida – o que ocorre com o relaxamento.


    O que estas pessoas estão fazendo, na verdade, e alimentar uma auto imagem que funciona como um programa “rodando” no hardware de seus cérebros, cobrando sistematicamente de seus sistemas nervosos a manutenção de um estado de alerta e prontidão constantes. Isso leva a um estado de estresse orgânico, que faz com que as glândulas supra-renais sejam constantemente estimuladas, liberando corticóides na corrente sanguínea, que vão abrindo grandes janelas para a atuação dos radicais livres em áreas bem demarcadas do cérebro, causando destruição e perda de neurônios. Assim, ocorre um agravamento do quadro de estresse, que estimula mais e mais estes eventos fisiológicos, levando a perdas funcionais efetivas, de memória, da capacidade de aprendizagem e, não menos importante, do equilíbrio emocional.

    Isso pode ou não produzir diferença. Mas esta estratégia, em si, é limitada e não produz o conjunto de mudanças que podem em última instância levar a resultados permanentes e significativos em sua vida.

    Você cita no livro que há pessoas que passam anos dizendo que fazem meditação. quando realmente não conseguem. Quais são os sinais que o corpo dá de que realmente alguem entra em estado de meditação?
    Além do relaxamento muscular, há outros indicativos fisiológicos, também objetivamente mensuráveis, que demonstram que uma pessoa esta no estado de meditação. O primeiro deles e a mudança na atividade do sistema nervoso autõnomo – o que e médido pela resistência elétrica da pele. Finalmente, as frequências cerebrais se reagrupam de modo a produzir um padrão elétrico característico, em que há maior produção de ondas alfa e theta, com a correspondente redução de beta. Do ponto de vista da experiência subjetiva, há, além do relaxamento, um desligamento do diálogo interno e diminuição significativa do raciocínio. Ao invés de pensarmos ou, como se diz, meditarmos a respeito de, por exemplo, compaixão, entramos no estado subjetivo da compaixão dentro de nós, experimentando-a diretamente.

    Você diz que o estado comumente chamado de alfa não é o de verdadeiro relaxamento. Então qual a diferença entre o estado alfa e a verdadeira frequência cerebral de relaxamento ?
    O estado de relaxamento é, sim, caracterizado no cérebro por uma intensa produção de ondas alfa. No entanto, é importante não confundir relaxamento com meditação. As pessoas tendem a acreditar que meditar é entrar em alfa. Alfa é apenas uma das frequências cerebrais componentes da configuração de ondas elétricas que definem o estado de consciência do verdadeiro meditar. Alfa, nesta configuração, tem o papel de fazer a ponte entre beta (nosso consciente racional) e theta (nosso subconsciente, no qual vamos ter acesso a nossa criatividade, nossos conteudos emocionais, nossas memórias, bem como a tudo aquilo que nós constrói em nossa personalidade). A presença de alfa, portanto, é essencial para acessarmos as profundezas de nossa mente, mas, sozinha, isto é, sem o correspondente aumento de ondas theta, esta frequência produz apenas relaxamento e uma profusão de imagens mentais sem significado ou sentido.

    Quanto tempo diário a pessoa deveria dedicar para conseguir atingir o verdadeiro estado de relaxamento?
    O verdadeiro estado de meditação (e não de relaxamento), para a maioria das pessoas, e alcançado somente a partir de treinamento sistemático, o que pode produzir resultados já nas primeiras sessões de meditação ou, dependendo da pessoa, demorar algumas semanas de prática constante. O tempo de treino, desde que adequadamente orientado, e definido pela própria pessoa. O importante é não permitir que a prática se torne cansativa ou extenuante. Ter prazer e fundamental.

    Basicamente, o que se consegue controlar com os exercícios na nossa fisiologia?
    Vários são os estudos que demonstram maior controle de uma série de funções fisiológicas, como a temperatura corporal ou a frequência cardíaca. No entanto, o objetivo deve ser aprender a exercer o domínio das funções psicológicas, já que, enquanto no controle a um gasto de energia considerável para manter uma certa ordem, no domínio, tudo o que é necessário é uma decisão: eu quero, eu faço e assim permanece. O auto domínio, juntamente com a mudança no estado de consciência, é a verdadeira meta da meditação, levando a mudanças profundas da consciência, produzindo benefícios tanto para a pessoa quanto para aqueles que com ela convivem.