Antidepressivos , como Prozac e drogas relacionadas , não são melhores do que o placebo no tratamento da maioria dos pacientes severamente deprimidos, de acordo com estudo feito na Grã Bretanha sobre a última geração de antidepressivos.
Medicamentos chamados de Inibidores Seletivos de Recaptura de Serotonina ou ISRS, supostamente eram para revolucionar os cuidados com a depressão - por tratar os sintomas sem os efeitos colaterais dos medicamentos mais antigos, como os tricíclicos.
Mas, apesar das vendas em grandes quantidades, uma nova meta análise destas drogas, a partir de dados apresentados ao Food and Drug Administration (FDA = agencia norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos nos Estados Unidos), parece sugerir que para a maioria dos pacientes elas não funcionam. Um estudo anterior tinha indicado que os benefícios dos antidepressivos podiam ser exagerados.
Pesquisadores do Reino Unido e dos Estados Unidos liderados por Irving Kirsch da Universidade de Hull, Reino Unido, estudaram todos os ensaios clínicos apresentados ao FDA para o licenciamento das quatro ISRS: fluoxetina (Prozac), venlafaxina (Efexor), nefazodone (Serzone), e paroxetina (ou Seroxat Paxil), cujo os dados estavam disponíveis plenamente.
Eles concluiram, que "em comparação com o placebo, a nova geração de antidepressivo não gera melhorias clinicamente significativas em pacientes, que tenham inicialmente depressão moderada ou mesmo profunda".
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Eles detectaram alguns efeitos positivos, porém relativamente pequenos em pacientes com depressão profunda . Mas, concluiram que neste grupo, o pequeno efeito foi "devido a diminuição da resposta ao placebo, em vez do aumento da sensibilidade a medicação".
Tendo em conta estes resultados, os autores do estudo concluiram, que parece haver poucas razões para se receitar medicamentos ISRS para qualquer caso, senão para aqueles pacientes severamente deprimidos.
David Healy, um psiquiatra, na Cardiff University, Reino Unido, especialista no uso de drogas ISRS, disse que, o mais recente estudo confirma as suspeitas de que a eficácia da droga tenha sido drasticamente exagerada.
"O mais importante, é que este novo estudo mostra, que as pessoas que responderam a droga teriam respondido ao placebo de qualquer jeito."
"Esta pesquisa confirma, que estes medicamentos não devem ser dados como primeira linha no tratamento de depressão moderada. Rotineiramente, estas drogas eram dadas a pessoas as quais poderiam obter melhora sem elas."
"Isto significa que a pessoa com depressão podem melhorar sem tratamento químico", salientou Kirsch .
Resultados Positivos
Eli Lilly, que fabrica Prozac, diz que "extensa experiência científica e médica tem demonstrado que é um antidepressivo eficaz". E acrescenta que: "Mais de 50 milhões de pessoas com depressão tem sido tratadas com Prozac desde o seu lançamento."
Um porta voz da GlaxoSmithKline, que produz Seroxat, salienta que o estudo só analisou uma "pequena amostra do total de dados disponíveis".
Healy observa porém, que as empresas fabricantes de remédios tem tendência a publicar estudos mostrando resultados positivos de ISRS em pacientes moderadamente deprimidos.
Ele diz também, que houve a preocupação de que drogas ISRS , particularmente paroxetina, possam causar dependência em alguns pacientes, e isto sublinha a necessidade de evitar a sua prescrição desnecessária.
Healy adverte no entanto, que qualquer pessoa tomando antidepressivos ISRS não deve repentinamente deixar de tomar a medicação, e deve consultar seu médico antes de parar com a droga.
No início deste mes, New Scientist relatou declarações de advogados americanos, que obtiveram documentos sugerindo que uma análise inadequada de dados de testes clínicos por pesquisadores da GlaxoSmithKline dissimulou os riscos de suicídio associados a paroxetina durante 15 anos.
NewScientist 26 / 02/ 08
PLoS Medicine 26 Feb 08
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