O exame, que já existe no exterior, foi elaborado no Brasil pelo Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e promete revolucionar a área, além de ser o primeiro passo para o caminho da medicina personalizada.
O diretor do laboratório, Wagner Gattaz, explicou que o indivíduo pode ter três reações ao medicamento prescrito pelo médico: que o remédio faça bem e o paciente melhore; que o medicamento não faça efeito; e que melhore, mas sofra efeitos colaterais. Segundo ele, essas diferenças são geneticamente determinadas pelas enzimas CYP2D6 e CYP2C19, mapeadas pelo exame.
O teste funciona com uma pequena amostra de sangue, mas e complexo, com vários passos, e é um procedimento de alta tecnologia. Como esse teste é feito aqui no nosso laboratório, conseguimos fazer um teste eficaz, exato, mas a um custo inferior ao que se comercializa no exterior. Ele permite classificar as pessoas entre aquelas que metabolizam normalmente os medicamentos, aquelas que metabolizam muito rápido e aquelas que metabolizam muito devagar.
Gattaz afirmou que com o resultado do exame e possível orientar o médico a respeito da dose necessária para cada paciente, a chamada medicina personalizada, dedicada a características de cada um.
Pessoas que metabolizam muito rápido vão precisar de uma dose maior e o contrário, aquelas que tem o metabolismo lento podem ter a dose reduzida para filtrar os efeitos colaterais, deixando apenas os efeitos terap~euticos desejáveis no tratamento.
O médico disse ainda que o teste já esta sendo oferecido aos pacientes do instituto, mas por ser caro, ainda não e coberto pelo Sistema Unico de Saúde (SUS).
Nossa esperança e de que em breve a utilidade desse teste seja reconhecida e que o SUS passe a cobrir seus custos. Isso permitira que a grande massa da populaçãao possa usufruir desse progresso.
Para o diretor do Departamento de Psiquiatria da Santa Casa de São Paulo, Sergio Tamai, a utilização do exame no Brasil e muito positiva e importante, porque em pessoas diferentes as dosagens podem variar em ate quatro vezes. Ele ressaltou que esse exame tem aplicação nao so na área psiquiátrica, mas em outras.
Importa o quanto a medicação fica circulando no sangue e atinge os órgãos. Isso porque a maior parte das drogas e medicações e eliminada pelo fígado em mais de 50% e a velocidade com que esses medicamentos sao metabolizados e determinada pelos genes.
Além disso, podemos pensar nos efeitos colaterais. E positivo ainda nos casos de medicações nas quais o efeito terapêutico está muito próximo do efeito tóxico - afirmou.
O diretor adjunto da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia (Abre), Jose Alberto Orsi, contou que toma três medicamentos diferentes depois de sete anos tentando descobrir qual seria o melhor remédio e a dose mais adequada.
Não fiz nenhum teste até hoje e saber que existe esse tipo de teste me deixa surpreso. Eu faria esse teste, sem duvida alguma. Apesar de ser caro, o custo que se tem de uma medicação não acertada supera muito qualquer valor de um exame.
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