A revista científica The New England Journal of Medicine trouxe um artigo especial sobre um estudo feito pela Harvard Medical School, em Boston, e pela University of California, em San Diego, na semana passada :
"A dinâmica coletiva de fumar em uma grande rede social."
Este artigo analisa a dimensão da disseminação do hábito de fumar de pessoa para pessoa e grupos de pessoas amplamente ligadas que param de fumar juntas. (Veja a animação mostrando rede dinâmica)
A BBC Saúde publicou o assunto :
Desistir de fumar é "contagioso", ou seja, há mais probabilidade de as pessoas deixarem de fumar em grupos do que sozinhas.
Segundo a pesquisa, a decisão de uma pessoa de parar de fumar tende a influenciar amigos, família e colegas de trabalho, levando-os a abandonar o cigarro também.
Quanto mais íntimo for o relacionamento, maior a infuência sobre a pessoa que esta desistindo de fumar. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que se o marido ou esposa de um fumante deixa de fumar, há 67% menos chances de que essa pessoa continue a fumar.
Se o irmão ou irmã de um fumante deixa de fumar, há 25% menos chances de que ele persista no hábito. Entre amigos, as chances de que uma pessoa continue a fumar são 36% menores se um amigo próximo abandonar o cigarro.
Já no ambiente de trabalho, se um colega abandona o cigarro, há 34% menos chances de que um outro colega fumante persista no hábito.
O estudo, feito por especialistas , utilizou informações coletadas ao longo de 32 anos em um grupo de mais de 12 mil pessoas.
Os voluntários tinham entre 21 e 70 anos. Foram considerados fumantes aqueles que fumavam pelo menos um cigarro por dia.
Essas pessoas participaram de um projeto de pesquisa de longo prazo, o Framingham Heart Study, que teve início em 1948 em Framingham, Massachusetts. Os dados foram coletados entre 1971 e 2003.
Conclusões
Nos últimos 30 anos, o numero de fumantes vem caindo substancialmente nos Estados Unidos.
"Nós examinamos até que ponto o hábito de fumar se alastra de uma pessoa para outra e até que ponto grupos de pessoas interligadas deixam de fumar juntas", escreveram os autores do estudo, Nicholas Christakis e James Fowler .
O estudo faz revelações curiosas. Revelou, por exemplo, que amigos com um nível educacional mais alto influenciam mais uns aos outros do que aqueles com menos educação.
E conclui que pessoas que pertencem a um grupo social grande tendem a parar de fumar ao mesmo tempo, mesmo que não se conheçam.
"Se acontece uma mudança cultural em uma rede social, um grupo inteiro de pessoas que estão conectadas, mas que talvez não se conheçam, abandonam (o cigarro) juntas", disse um dos autores do estudo, Nicholas Christakis, ao jornal britânico The Times.
Outra observação feita pelos especialistas e que, se no passado fumantes e não fumantes se relacionavam livremente, hoje os dois grupos tendem a formar agrupamentos separados.
Os especialistas concluiram que os fumantes estão sendo empurrados para as margens da sociedade.
Comentando o estudo, o psicólogo Martin Hagger, da University of Nottingham, disse que o apoio do grupo social e um fator importante quando se trata de abandonar o cigarro.
Para ele, iniciativas do governo como aumentar os impostos sobre o cigarro e proibir o fumo em lugares públicos são limitadas.
"Se você está tentando desistir de fumar, não faça isso em segredo. Tente recrutar pessoas do seu grupo social. Isso dá a você um sentimento de identidade grupal", aconselhou Hagger.
"E se a rede social for consistente em apoiar a sua tentativa de abandonar (o hábito) é muito mais provável que você não tenha uma recaida".
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