No mês passado, a lei que estabeleceu a reforma psiquiátrica no Brasil completou dez anos. A regra mudou a estrutura do atendimento em saúde mental e também abriu uma cisão entre os especialistas da área.
De um lado, entidades como a Associação Brasileira de Psiquiatria criticam a redução do número de leitos em hospitais psiquiátricos e o que chamam de visão ideológica dos transtornos mentais. Do outro, o Ministério da Saúde e o movimento de Luta Antimanicomial, cujo dia é comemorado na quarta-feira, se levantam contra o tratamento nos hospitais, tido como desumano e ineficaz.
Com a reforma, o atendimento foi transferido dos hospitais psiquiátricos para a rede extra-hospitalar, em especial, os Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Em 2002, havia mais de 52 mil leitos em hospitais psiquiátricos no país. Hoje, segundo o Ministério da Saúde, são menos de 33 mil, mais a rede de 1.650 Caps e 571 residências terapêuticas.
Segundo ele, parte do problema foi transferido para as prisões. Silva estima que 12% da população carceraria tenha doença mental grave.
Para o psiquiatra Roberto Tykanori, coordenador técnico de saúde mental do ministério, a reforma ampliou o atendimento. "Antes, o acesso se resumia aos hospitais. Agora, a pessoa é atendida no ambiente em que vive, e não em um local isolado, segregador, cheio de desconhecidos."
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